O tema chave deste encontro foi compreender a situação das sementes em Portugal e no mundo, as políticas e acordos relacionados com as sementes e como estes afectam o mercado e todo o ambiente e, por fim, pensar algumas propostas para o futuro desta campanha.
A situação das sementes é alarmante. Existem neste momento acordos como o UPOV que condicionam a troca e reprodução de sementes essenciais à sobrevivência de agricultores em diversas partes do mundo.
A ideia vendida por corporações é que as sementes tradicionais são “sujas” ou sem valor para dar privilégio de sementes híbridas e transgénicas, que necessitam de agro-químicos porque não estão adaptadas ao meio que se tornam formas de monopolizar a agricultura, uma vez que geralmente as corporações que detém as patentes destas sementes são as mesmas que vendem os agro-químicos necessários. Sendo o pior caso, as sementes transgénicas que contaminam através de polinização outras culturas, podendo os produtores prejudicados ser processados por reprodução ilegal destas sementes. Além de afectar todo o ecossistema pela utilização de agro-químicos e pela manipulação genética. Por todas estas razões e ainda pela selecção realizada pelas corporações, que seleccionam apenas as culturas que promovem a utilização de maquinaria e monoculturas, é afectada também a biodiversidade de sementes e de plantas.
Estas corporações detém as patentes de sementes transgénicas mas também as patentes de cerca de 100 variedades de sementes não transgénicas e existirem cerca de 1000 pedidos de patentes para outras variedades. Ter patentes sobre sementes tradicionais é ter propriedade sobre a vida.
Por todas as razões já mencionadas concluí-se que o domínio de oligopólios sobre a alimentação sufoca os agricultores e o ambiente com métodos de produção com agro-químicos, patentes e a contaminação genética. Além de existir a ameaça de tratados como o TTIP que abre (ainda mais) o caminho a estas corporações.
Todas estas informações entre outras foram relatadas e discutidas em várias sessões realizadas durante o acampamento, como por exemplo a conferência “Biocapitalismo Global vs Soberania Alimentar Local”, que foi realizada no dia 6. Foram partilhados conhecimentos sobre os diferentes tipos de sementes, políticas relacionadas com as sementes, acordos e patentes sobre sementes, no que consistiu a Revolução Verde, círculos de sementes e métodos de preservação de sementes, como manter um solo vivo e técnicas de regeneração de solo, como a alimentação pode influenciar e ser influenciada por todos estes aspectos, entre outros.
Por compreender a importância e urgência de alterar esta situação é fundamental as interligações entre todos. É necessário dar a conhecer esta realidade a todos e principalmente aos consumidores.
Todos temos escolha e podemos alterar esta situação através das nossas escolhas como consumidores, ao escolher produtos que sejam de agricultura ecológica, tentar conhecer o produtor e a origem dos produtos e se possível e comprar produtos locais.
Saiba mais em: http://gaia.org.pt/sosementes
Marta Sousa
martasousa.geota@gmail.com